Dia: 14 de Abril, 2009

Porque é que acreditámos em Deus?

O que aconteceu ao homem ancestral que começou a acreditar em deuses? Porque é que a nossa espécie tem tendência para a fé religiosa? A Ciência, especialmente a neurologia, deu início a uma busca dentro do cérebro para encontrar respostas que, por agora, são muito complexas.

Muito se avançou desde que o anatomista Franz Gall, no princípio do século XIX, disse que havia encontrado o corpo de Deus no corpo de cada humano, como explica o El Mundo num trabalho publicado sobre a visão da Ciência sobre Deus.

Agora, muitos investigadores de prestígio estão convencidos de que as redes neuronais estão por detrás dessa tendência para a espiritualidade, que é inata e que se tem repetido em todas as culturas e civilizações.

Se há uns anos o biólogo Dean Hamer dizia ter encontrado o gene de Deus, agora investigadores do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos (EUA) revelaram que as zonas do cérebro que se activam com a fé religiosa são as mesmas que usamos para compreender emoções, sentimentos e pensamentos das pessoas que nos rodeiam.

Este último trabalho, publicado recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Science, situa a ‘zona religiosa’ no lobo temporal e no frontal, o que indicaria, segundo o neurologista Jordan Grafman, que os humanos crêem em Deus utilizando os mesmos mecanismos para outras pessoas e que, como crenças que se transmitem de gerações em gerações, entraram na memória, imaginação e empatia.

O cérebro de um crente

Porque é que se crê em algo sobre o qual não existe constatação? Alguns científicos apostam na ideia de que o cérebro está organizado para que possamos crer.

Outras hipóteses defendem que a religião apareceu como uma adaptação evolutiva que fizeram que os genes que a facilitavam se transmitissem e prosperassem: a religião havia ajudado a formar grupos sociais coesos e a proporcionar consolo nas desgraças. Assim o entende o psiquiatra Francsico J. Rubia, autor do livro A Conexión Divina (A Divina Ligação, em tradução livre).

«A origem da espiritualidade, que não de Deus, deveu-se a vários factores. Influenciaram os sonhos, em que os indivíduos viajavam sem mover o corpo, dando lugar à ideia de alma, e também a predisposição de dualidade, porque o cérebro está organizado para ver o contraste, como a luz e a obscuridade, o finito e o eterno, o real e o imaginário. Tudo isto unia o grupo», defende o especialista.

No entanto, alguns antropólogos, como Scott Atran, do Michigan, EUA, acreditam que «religiões que falam do paraíso após a morte não fazem muito pela sobrevivência no aqui e agora».

Paul Bloom, psicólogo de Yale, procura a explicação fisiológica. O especialista argumenta que o cérebro tem dois sistemas cognitivos: um encarrega-se dos seres vivos e outro dos mortos, um trata da mente e outro do físico (dualismo de que falava Rubia). Esta seria a explicação do porquê de deixarmos o corpo nos sonhos ou em protecções astrais. É a mesma dualidade que preparar o cérebro para conceitos como a eternidade, a vida depois da morte.

O psicólogo acrescenta que pensar em experiências fora do corpo, espirituais, «está a um passo da criação dos deuses».

A procura de causas

Mas bastam estes deuses para dar lugar à religião? Deborah Kelemen, da Universidade de Arizona, acrescenta a este cocktail o sentido de causa-efeito, ou seja, a busca de uma finalidade ou uma concepção para tudo, algo que surgiu muito pelo instinto de sobrevivência (um ruído pode ser um predador) e que o cérebro extrapola ao resto: tudo tem um porquê.

«A religião é um artefacto inelutável do nosso cérebro», assegura Bloom na revista New Scientist. Até os ateus e agnósticos têm tendência para pensar no sobrenatural. Segundo Rubia, nestes casos a espiritualidade deriva para outras questões como a Natureza. «Sempre se procurará repostas porque isso produz endorfinas e, portanto, prazer, mas as experiências míticas podem não ser religiosas», assegura.

Atran chama-lhe «a tragédia da cognição»: «Os seres humanos podem antecipar o futuro e conceber a sua própria morte. Quando os processos naturais do cérebro nos dão uma saída, nós seguimo-la, claro», defende.

Então, a religião é um subproduto da evolução do cérebro humano ou foi escolhida para a sobrevivência do grupo? O evolucionista Richard Dawkins considera correctas as duas premissas. Por um lado estaria a doutrinação que se recebe do grupo, e que se aceita para não se ser rejeitado, mas por outro lado há a predisposição cerebral em crer em seres invisíveis, que se concretizam através dos padres.

A relação religião-cérebro vai ainda mais longe. O psiquiatra espanhol Rubia recorda que há uma epilepsia que afecta o lobo temporal e activa a religiosidade por uma descarga de neurónios: «Os xamãs eram pessoas que entravam em êxtase e algumas sofriam desta patologia. Desde a antiguidade que eram quem falava com os mortos e curavam, seguramente por poderes mais psicossomáticos que outra coisa».

in SOL

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Ainda será preciso muito tempo/investigação para que se entenda/explique muitas coisas… 😕

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