Hospital recria “roda dos enjeitados”

O Japão inaugurou este mês um serviço público para recolha de bebés indesejados e a polémica estoirou. A estrutura – que permite que os pais depositem, de forma anónima, a criança para adopção na “caixa dos bebés” construída nas imediações do hospital católico-romano Jikei (na cidade de Kumamoto) – foi criada com o objectivo de desencorajar o aborto ou evitar o abandono, infelizmente comum, de recém-nascidos em locais de risco tais como caixotes do lixo. Mas a primeira criança a dar entrada na “caixa” foi um menino de três anos, perfeitamente consciente da viagem que fez com o pai até ali.

A notícia chocou os líderes políticos do país e levou mesmo o Primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a defender publicamente que “depositar uma criança de forma anónima é inaceitável”. Ainda assim, a “caixa dos bebés” está em funcionamento, num conceito que parece recuperar a “roda dos enjeitados”, existente nas Misericórdias dos países do Sul da Europa, entre os séculos XVI e XIX. Os órgãos de comunicação japoneses fizeram bandeira do caso dando conta da história do menino de três anos que se identificou pelo nome e contou como o pai o levou até ali de comboio, o depositou na caixa e de como as enfermeiras o foram buscar depois de soar o alarme que indica que está uma criança no “depósito”.

Confrontado com o escândalo, o Hospital Jikei, mentor do projecto, recusou-se a tecer comentários alegando questões relacionadas com “direitos de privacidade”. Mas ainda assim, afirmou que a “caixa dos bebés tem um limite de idade e destina-se, preferencialmente, a recém-nascidos”. A polícia japonesa, por sua vez, veio a público confirmar que não foi cometido qualquer crime já que “a criança foi deixada numa situação em que não estava exposta a ameaças imediatas”.

Este “serviço de recolha de crianças” não é único. O mesmo hospital dispõe já de uma incubadora pública que está aberta 24 horas por dia e na qual as pessoas podem deixar as crianças, mantendo o anonimato. Também na Alemanha, uma mãe pode abandonar livremente o filho recém-nascido à porta do hospital, coberta pelo anonimato. Desde há seis anos existem neste país, berços para recolha de bebés abandonados. São compartimentos envidraçados, com acesso pelo lado exterior de um edifício (normalmente um hospital ou uma instituição de beneficência) onde, depois de soar um alarme, alguém recolhe a criança abandonada.

in Expresso Online

Caracter�stica do Sul da Europa até ao século XIX, a

Se as leis de adopção funcionarem bem nestes países (o que não acontece por cá!), não me incomoda que estas crianças possam ter uma vida mais “confortável”, numa família que as deseje, em vez dos problemas que normalmente estão relacionados com o abandono de crianças.

O que me incomoda é o meio utilizado… Há outras maneiras de dar uma criança para adopção que não este método medieval!

3 pensamentos sobre “Hospital recria “roda dos enjeitados”

  1. Até concordo… realmente “enfiar” um bebé naquela “coisa” como se fosse uma fábrica… é esquesito. De qualquer das maneiras acho que éssa maneira de abandonar as crianças anonimamente é segura e é melhor do que os bebés que são postos no lixo e espalhados por aí. Ao menos os pais não têm de dar satisfações e a criança é devidamente tratada.

  2. Nos, “humanos” uma espécie dita como racional, somos capazes do mais bizarro. Parece que nos esquecemos que temos como missão “a evolução”, a nossa própria evolução… Mas apenas continuamos a minar o nosso futuro através dos actos quotidianos, este é apenas mais um. Criamos um método, uma maneira de minimizar a vergonha de um ser adulto que abandona ,para fragilizar e envenenar os sentimentos de um pequeno ser, ser este que será pessoa do nosso amanhã, a nossa evolução…
    A ignorância é a doença da humanidade… A consciência dos nossos actos devia ser plena. Não compreendo o porquê de abandonar uma criança, um recém-nascido desta forma. Apenas digo que é uma enorme responsabilidade colocar uma criança neste mundo e um direito a que nem todos deviam ter direito.
    Mas continuamos a minar a nossa evolução com este e outros actos, porque a nossa doença é a ignorância…

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