Um sorriso pode ser contagiante. Você não precisa de um sofisticado estudo científico para lhe dizer isto. Mas será que a felicidade se espalha tão rapidamente quanto um sorriso?
A resposta é um sorridente sim, de acordo com uma pesquisa feita por James Fowler (UC San Diego) e Nicholas Christakis (Harvard Medical School). A sua pesquisa acaba de ser publicada no British Medical Journal.
A felicidade espalha-se de forma muito ampla ao longo de uma rede social, atingindo não apenas as pessoas directamente envolvidas, mas pessoas com até três graus de afastamento da pessoa que é a “fonte da felicidade”.
Os cientistas também descobriram que a felicidade espalha-se muito mais rapidamente do que a tristeza e a depressão e parece ter um efeito muito mais poderoso até mesmo do que o dinheiro.
“Os cientistas interessam-se pela felicidade há muito tempo,” explica Fowler.
“Eles já estudaram o efeito de tudo, incluindo ganhar na lotaria, perder o emprego e ficar doente, mas até agora nunca ninguém considerou o efeito total da felicidade sobre as outras pessoas. Nós mostramos que a felicidade pode se espalhar de uma pessoa para outra pessoa, para outra pessoa, e assim por diante, numa reacção em cadeia através de toda a rede social.”
“Um dos principais determinantes da felicidade humana é a felicidade dos outros,” afirma Christakis, o outro autor do estudo. “Uma característica inovadora do nosso trabalho foi explorar a ideia de que as emoções são um fenómeno colectivo e não apenas um fenómeno individual.”
Na pesquisa, eles usaram técnicas para avaliar a felicidade de 4.739 pessoas de 1983 a 2003, recriando a rede social na qual estavam inseridas. Para medir o bem-estar emocional das pessoas, basearam-se nas avaliações dos participantes quanto a quatro afirmativas: Eu sou optimista quanto ao futuro. Eu sou feliz. Eu curto a vida. Eu sinto que sou tão bom quanto todas as outras pessoas.
O benefício de amigos felizes
A pesquisa mostrou que a felicidade adora companhia. Pessoas felizes tendem a se reunir e, de forma geral, pessoas com mais contactos sociais parecem ser mais felizes. Contudo, apenas o número de contactos não explica a felicidade de alguém.
Em média, cada amigo feliz aumenta sua própria hipótese de ser feliz em 9%. Cada amigo infeliz diminui essa hipótese em 7% – ou seja, a felicidade é mais contagiante do que a infelicidade.
Segundo os pesquisadores, a felicidade espalha-se numa rede social atingindo pessoas com até três graus de separação. Uma pessoa tem 15% mais probabilidade de ser feliz se for directamente conectado a alguém feliz; 10% se o seu amigo tiver um amigo feliz; e 6% se seu amigo tiver um amigo que tenha um amigo feliz.
Felicidade é melhor do que dinheiro
“Os efeitos que observamos podem não parecer muito grandes a princípio, mas considere que uma renda extra de U$5.000,00 foi associada a um aumento de apenas 2% na felicidade e você verá que o poder das outras pessoas é incrível. Alguém que você não conhece e com quem nunca se encontrou – o amigo de um amigo de um amigo – pode ter uma influência na sua felicidade maior do que milhares de dólares a mais no seu bolso,” diz Fowler. (…)
De acordo com o estudo, a felicidade das pessoas depende não apenas de quantos amigos eles têm, mas também de quantos amigos seus amigos têm. Em termos de redes sociais, isto é conhecido como “centralidade.” E, quanto mais central uma pessoa for – quanto mais conectados forem seus amigos ou quanto mais amplo for o seu círculo social – mais provável é que ela venha a ser uma pessoa feliz.
O efeito não funciona no sentido inverso: tornar-se uma pessoa feliz não alarga seu círculo de amizades.
A felicidade mora ao lado
Os cientistas também estudaram o que acontece com a felicidade em relação à distância. Quando um amigo que mora a uma milha de distância (1,6 km) se torna feliz, isso aumenta a probabilidade da pessoa se tornar feliz em 25%. Amigos que moram mais longe não têm efeito tão significativo.
“Nós acreditamos que a difusão das emoções tem um aspecto psicobiológico fundamental,” diz Christakis. “A interacção pessoal física é necessária, de forma que o efeito decai com a distância.”
O efeito também decai com o tempo.
Responsabilidade sobre a própria felicidade
Essa pesquisa tem várias implicações práticas, uma das quais sendo o facto de que cada um deve assumir uma maior responsabilidade sobre a sua própria felicidade porque isso afecta dezenas de outras pessoas.
“A busca da felicidade não é um objectivo solitário. Nós estamos conectados, e esta é a nossa alegria,” diz Fowler.
Mas nos tempos que correm dificilmente se transformará em ‘pandemia’…
E felizmente, o oposto não é tão propenso a alastrar! 😕
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