A história não é de Bram Stoker nem entra aqui o conde Drácula. Mas a origem é a mesma: o reino perdido da Transilvânia, na Roménia.
Um deles era príncipe da Transilvânia e outro cavaleiro do principado da Transilvânia. Os dois, Tristan Gillot e Christian Decot, ambos belgas, ambos auto-intitulados representantes daquele reino perdido e ambos arguidos num processo que hoje vai a tribunal com acusações de burla qualificada e falsificação de documentos.
Segundo os relatos, o representante de Sua Alteza, Christian Decot, foi detido na Covilhã pela Polícia Judiciária (PJ) e, cerca de um ano depois, foi a vez do próprio príncipe.
Entre 2005 e 2009, os dois belgas ainda pediram uma audiência ao então Presidente da República, Jorge Sampaio, para lhe dar conta de um investimento numa empresa de aviação e aeronáutica e postos de trabalho. Porém, nunca foram recebidos. A ideia era abrir em Portugal uma fábrica de construção aeronáutica, a Falcon Wings, financiada pela fortuna do príncipe e do seu cavaleiro, na qual seriam investidos cerca de 150 milhões de euros e criadas mais de três centenas de empregos na zona do Alentejo.
Acordo assinado A autarquia de Évora chegou a ceder um terreno. O esquema foi tentado posteriormente em Arraiolos e finalmente na Covilhã e em Ponte de Sor. Basicamente, os dois “nobres” obtinham financiamentos junto de instituições ou empresários, explicando que seriam investidos milhões de euros provenientes da sua conta “real” no Banco Mundial.
Tristan Gillot chegou a ir a Évora e a assinar um acordo com o presidente da câmara, assegurando que havia outros investidores em África e na Índia.
Ao que tudo indica, o mesmo príncipe já tinha tentado uma operação do mesmo género na Guiné Conacri, onde foi recebido pelos responsáveis governamentais e a quem anunciou investimentos num hospital. Tanto na Guiné como em Portugal, os representantes do principado da Transilvânia anunciavam garantias bancárias no valor de milhões de euros. Em Portugal estiveram envolvidos a Caixa Geral de Depósitos, o Millennium BCP e o Banco Espírito Santo, mas apenas os dois primeiros se constituíram assistentes no processo.
Segundo algumas fontes ligadas ao caso, os dois belgas apresentaram garantias de milhões – que tudo indica eram falsas.
No processo chegou a estar constituído arguido um consultor do Alentejo, inicialmente relacionado com o suposto plano para ludibriar bancos, autarquias e empresas portuguesas. Porém, o juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Investigação Criminal, determinou, em 26 de Abril de 2010, o arquivamento relativo ao procedimento criminal contra o português.
O julgamento dos dois belgas burlões começa amanhã no Campus da Justiça, em Lisboa.
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Pessoal empreendedor… 🙂